5.6.07




No mês mais recheado do ano (e nem sei porquê) escrevo uma crónica que seguirá o mesmo caminho das restantes: o infortúnio. Mas a minha convicção levanta-me a moral e permite-me falar dos acontecimentos do mês. Primeiro, o fantástico fenómeno do desaparecimento de Madeleine McCann, que ocupou durante todos estes dias a imprensa de Portugal, Inglaterra e de outros países, todos eles chocados com a negligência de dois reputados doutores. Não me importo que falem da menina e desejo boa sorte a quem a queira encontrar, mas acho que se se falou tanto de Maddy, também se devia falar dos outros pobres coitados. Pois, porque ninguém deu tanta cobertura ao desaparecimento do cigano da esquina ou do chinês da lojita do canto; não era inglês (esse tão nobre povo!), não tinha dinheiro e não era alguém por quem alguém se importasse neste país! Mas esta história (sim, vou infestar esta crónica de Madeleines McCanns, porque acho que não foi dada a cobertura necessária ao caso durante o desaparecimento) não fica por aqui: penetrou ainda por uma barreira que só a torna um pouco mais polémica; a Religião! Desde as missas organizadas, para que os jornalistas tivessem de que falar e os habitantes da Praia da Luz maneira de aparecer na televisão, até ao abençoar do próprio Papa a uma fotografia da menina, num penetrar nos anais da Igreja mais Igreja do mundo, que poderá ser divino! A não ser, claro, que, se por alguma coincidência enorme, esta bênção não fizer diferença nenhuma, eh eh eh... Mas apesar do desconhecimento geral, não foi só isto que sucedeu no nosso país, pequeno demais para uma inglesa de meio metro desaparecida: o FCP foi campeão, um assunto sobre o qual não vale a pena dizer nada; a Câmara de Lisboa anda ao rubro, assunto sobre o qual não sei dizer nada, e ainda andam a afixar cartazes que chamam camelos a ministros! Sobre este assunto valia a pena falar, e até sei dizer alguma coisa, mas ainda tenho algum público juvenil e prefiro não comentar o caso...

Concluindo, portanto, durmam no assunto...

ENCONTREM MADELEINE / FIND MADELEINE

Se és um dos três portugueses ( vá lá, quatro ou cinco) que ainda não sabe que esta cachopa está desaparecida, abre o olho e fixa o rosto, porque encontrar esta miúda é quase o mesmo que descobrir a chave para o EuroMilhões!

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